quarta-feira, 15 de maio de 2013

DEMI: Critica do The New York Times



Ser vista de maneira injusta combina bem com Demi Lovato; sempre combinou. Em seus dias de Disney, ela era — relativamente falando — a travessa do elenco, interessada em agitar, em dar uma de garota durona e sorrir de maneira desdenhosa. 
Os anos desde seus dias como ídolo teen tem sido caóticos: algumas ótimas músicas, outras nem tanto assim, batalhas públicas contra a bulimia e o “cutting”, e, nos últimos tempos, um papel como poderosa jurada do painel de jurados do “The X Factor”. Comparada à quase catatônica Britney Spears, Srta. Lovato era revigorosamente direta, rígida quando precisava ser, mas mais comumente uma fonte de conhecimento. Ela era também um surpreendente combustível para Simon Cowell, cujo desprezo característico passa por ela como chuva, que o vê mais como um alvo inchado, não um monstro incontrolável.
Ela lidou com coisas muito piores: isso está claro em sua música, que demonstra tensão e mágoa quase que desde o princípio, um tom que continua constante e até aumentado em “Demi”, seu — frequentemente encarado com tom de surpresa — quarto álbum. Produzido pela Suspex, de Mitch Allan e Jason Evigan, o cd espertamente abandona o pop-R&B das músicas de sua obra anterior, “Unbroken” — facilmente seu cd mais instável — e reposiciona Lovato em seu lugar certo: no molde de mulheres com grandes vocais, como Kelly Clarkson, que já tiveram tudo o que mereciam ter, obrigado.
Diferentemente de Clarkson, porém, a força de Lovato não é seu vocal (apesar de que, quando abandona o processo vocal pesado, ela canta com firmeza e uma vulnerabilidade evidente). “Heart Attack”, o single, tem o tom familiar de Clarkson, um tom alto-suave das dinâmicas de pop-rock, combinado com a auto-desconfiança de Demi: “Nunca tive problema para conseguir o que quis/Mas quando se trata de você, eu nunca sou boa o suficiente.” E no decorrer do álbum, desde a animada “Really Don’t Care”, passando pela dramática “Warrior” até a agressiva “Fire Starter”, ela demonstra ter uma pele mais densa.
A produção também faz parte dessa pele, e é geralmente quando o assunto é Demi confessando qualquer fraqueza, como em “Shouldn’t Come Back,” a última de uma sequência de músicas direcionadas a seu desconhecido pai, e também na extraordinária “In Case”, escrita de maneira impressionante por Priscilla Renea e Emanuel Kiriakou, que ecoam de seu grande hit de 2011, “Skyscraper”. Isso coloca Lovato em um lugar incomum: à mercê de um outro alguém — “Forte o bastante para te deixar, mas suficientemente fraca para precisar de você”.
Lovato utiliza essa fraqueza bem, mas não por muito tempo. Depois de algumas músicas, encontra-se outro ponto alto do álbum, a animada e ácida “Something That We’re Not”. É um sinal de um tipo de relação incomum no cenário pop, uma relação na qual uma poderosa mulher dispensa um homem que quer mais, e a música é revigorante justamente por ser sobre uma relação tão rara. “Não me apresente a nenhum de seus amigos”, ela ordena. “Delete meu número, não me ligue novamente/Nós nos divertimos um pouco, mas agora irá terminar”. Sem discussões aqui.”

Fonte: The New York Times
Tradução e adaptação: Demi Brasil

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